domingo, 26 de outubro de 2014

Hoje foi dia...

       Fomos à noitinha (mas dia ainda - bendito horário de verão!) ao supermercado.
       Caio agitadíssimo como lhe é inerente. Olhando tudo, perguntando tudo, querendo mexer em tudo. Toda hora sumindo do meu campo de visão. Claro, todos que lá estavam não só souberam mas decoraram o nome do Caio, de tantas vezes que eu o chamei.

       A seguir, algumas ocorrências deste nada monótono período de tempo de compras:

       Estávamos indo para a seção de panos de prato. Caio, desembaraçado, identificou logo uma funcionária e voltou correndo para informar:
       - É aqui, mãe!
       (Detalhe: eu não estava procurando a seção, sabia onde ficavam tais paninhos, mas Caio se antecipou. Sinal de que será uma pessoa despachada, como diz minha mãe.)

       Diante da minha demora em escolher os panos, porém, Caio impacientou-se, reclamando:
       - Escolhe logo, mãe, tá demorando muito! (Ai, ai, ai... mais um homem que não gostará de acompanhar as mulheres nas compras, será?)

                         *                   *                     *                   *                     *

       Caio chegou perto de uma senhora idosa e bem pequenina que estava escolhendo um paio. Parou ao lado dela e com a mãozinha ereta como se fosse bater uma continência, começou a comparar e a medir as alturas da idosa e dele próprio. A senhora percebeu e se deliciou com a situação. Ele falou:
       - Estou quase do seu tamanho...
       Ela retrucou:
       - Não senhor, não estamos quase do mesmo tamanho, faltam uns bons centímetros ainda. 
       Depois, perguntou se ele queria trocar de idade com ela, no que Caio respondeu:
       - Eu não quero ser uma velha.
      A senhora riu muito, para meu alívio.

                         *                   *                     *                   *                     *

       Passamos para a seção de frutas e legumes. Caio recolheu algumas daquelas redes brancas de proteção das frutas e se vestiu com elas. Colocou umas três em cada braço formando verdadeiras mangas compridas. Enfiou cabeça abaixo algumas, formando golas e por fim uma rede fez as vezes de máscara ou, em alguns momentos, touca. Ele ficou engraçadíssimo! Todo mundo ria muito ao vê-lo. Ele nem aí pra ninguém. Brincou muito de... quê, mesmo? Senhor rede, o impiedoso, ou algo parecido. Usufruiu todo o seu direito de ser criança!! 

Nessas horas tenho pena de não possuir um desses celulares 
faz-tudo para fotografar a cena que agora só existe na minha 
e em algumas outras memórias...


       Depois Caio viu uma menininha dentro do carrinho de compras acompanhada pelo pai e foi lá falar com ela. A menininha estranhou a indumentária, mas Caio se apresentou e começou a conversar de modo que a garotinha já estava sorrindo pra ele. Caio veio, depois, correndo me contar:
       - Mamãe, mamãe, sabe quem eu conheci? A Maria Eduarda!!!


                         *                   *                     *                   *                     *

       Caio estava de posse da lista de compras e me surpreendia com vários produtos da lista que ele ia trazendo para o carrinho. Engraçado que ele trazia sempre a marca que eu, de fato, uso. E aprendi com isso que não devemos menosprezar a ajuda de uma criança e também que elas estão o tempo todo "ligadas" e nós nem percebemos. Claro que Caio sabia cada marca de cada produto, não foi coincidência. As crianças observam... e retêm na memória tudo o que se lhes passa diante dos olhos.
      Mas quando Caio fez isso com os ovos, ralhei. Ele amuou.

                         *                   *                     *                   *                     *

      Por fim, reclamando muito de sede, ganhou um finni e estava louco para comê-lo. Teve de esperar as compras serem passadas na registradora. Mas ele toda hora perguntava e mexia no produto. Recomendou umas duas vezes à operadora do caixa que ela registrasse aquele produto antes dos outros. Tirei o finni de suas mãos e pedi que não mexesse mais e se acalmasse. Enquanto terminava de digitar meus dados do Clube Extra, ouvi a moça antipaticamente falar com ele:
      - Sua mãe já falou e eu vou repetir: pare de mexer!

      Ficou quietinho, ele não esperava. Foi a única que não sucumbiu à sua vivacidade de criança curiosa e doce ao mesmo tempo.

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