domingo, 26 de outubro de 2014

Hoje foi dia...²

       Tirando as compras da mala do carro quando um carro da PM estacionou na porta da escola municipal que fica em frente ao meu bloco, com as grades do condomínio nos separando. Caio, óbvio, foi até a grade conversar com o policial.
       Para ouvir melhor Caio, o policial fez uma manobra e estacionou na calçada do condomínio. E Caio:
       - Você não vai nos prender não, né? Não roubamos nada hoje!

       hauahahauhauhauahau , mas antes de rir, quase caí pra trás: hoje não roubamos nada... ainda bem. Estaria em cana uma hora dessas.

       O diálogo continuou, o PM perguntando se ele estudava, qual era a série dele, quantos anos tinha, essas coisas. Caio, então, revela:
       - Sabe, quando eu crescer quero ser policial assim que nem você, pra vestir uma roupa igual a sua...
       E o policial, numa atitude impulsiva, retira o boné que estava aparentemente preso em sua cintura e o entrega a Caio. E fala:
       - Bem, pelo menos o boné você já tem!!!

       Que legal! Caio agradeceu e veio ao meu chamado.



 Tirando onda com o boné de policial.




Hoje foi dia...

       Fomos à noitinha (mas dia ainda - bendito horário de verão!) ao supermercado.
       Caio agitadíssimo como lhe é inerente. Olhando tudo, perguntando tudo, querendo mexer em tudo. Toda hora sumindo do meu campo de visão. Claro, todos que lá estavam não só souberam mas decoraram o nome do Caio, de tantas vezes que eu o chamei.

       A seguir, algumas ocorrências deste nada monótono período de tempo de compras:

       Estávamos indo para a seção de panos de prato. Caio, desembaraçado, identificou logo uma funcionária e voltou correndo para informar:
       - É aqui, mãe!
       (Detalhe: eu não estava procurando a seção, sabia onde ficavam tais paninhos, mas Caio se antecipou. Sinal de que será uma pessoa despachada, como diz minha mãe.)

       Diante da minha demora em escolher os panos, porém, Caio impacientou-se, reclamando:
       - Escolhe logo, mãe, tá demorando muito! (Ai, ai, ai... mais um homem que não gostará de acompanhar as mulheres nas compras, será?)

                         *                   *                     *                   *                     *

       Caio chegou perto de uma senhora idosa e bem pequenina que estava escolhendo um paio. Parou ao lado dela e com a mãozinha ereta como se fosse bater uma continência, começou a comparar e a medir as alturas da idosa e dele próprio. A senhora percebeu e se deliciou com a situação. Ele falou:
       - Estou quase do seu tamanho...
       Ela retrucou:
       - Não senhor, não estamos quase do mesmo tamanho, faltam uns bons centímetros ainda. 
       Depois, perguntou se ele queria trocar de idade com ela, no que Caio respondeu:
       - Eu não quero ser uma velha.
      A senhora riu muito, para meu alívio.

                         *                   *                     *                   *                     *

       Passamos para a seção de frutas e legumes. Caio recolheu algumas daquelas redes brancas de proteção das frutas e se vestiu com elas. Colocou umas três em cada braço formando verdadeiras mangas compridas. Enfiou cabeça abaixo algumas, formando golas e por fim uma rede fez as vezes de máscara ou, em alguns momentos, touca. Ele ficou engraçadíssimo! Todo mundo ria muito ao vê-lo. Ele nem aí pra ninguém. Brincou muito de... quê, mesmo? Senhor rede, o impiedoso, ou algo parecido. Usufruiu todo o seu direito de ser criança!! 

Nessas horas tenho pena de não possuir um desses celulares 
faz-tudo para fotografar a cena que agora só existe na minha 
e em algumas outras memórias...


       Depois Caio viu uma menininha dentro do carrinho de compras acompanhada pelo pai e foi lá falar com ela. A menininha estranhou a indumentária, mas Caio se apresentou e começou a conversar de modo que a garotinha já estava sorrindo pra ele. Caio veio, depois, correndo me contar:
       - Mamãe, mamãe, sabe quem eu conheci? A Maria Eduarda!!!


                         *                   *                     *                   *                     *

       Caio estava de posse da lista de compras e me surpreendia com vários produtos da lista que ele ia trazendo para o carrinho. Engraçado que ele trazia sempre a marca que eu, de fato, uso. E aprendi com isso que não devemos menosprezar a ajuda de uma criança e também que elas estão o tempo todo "ligadas" e nós nem percebemos. Claro que Caio sabia cada marca de cada produto, não foi coincidência. As crianças observam... e retêm na memória tudo o que se lhes passa diante dos olhos.
      Mas quando Caio fez isso com os ovos, ralhei. Ele amuou.

                         *                   *                     *                   *                     *

      Por fim, reclamando muito de sede, ganhou um finni e estava louco para comê-lo. Teve de esperar as compras serem passadas na registradora. Mas ele toda hora perguntava e mexia no produto. Recomendou umas duas vezes à operadora do caixa que ela registrasse aquele produto antes dos outros. Tirei o finni de suas mãos e pedi que não mexesse mais e se acalmasse. Enquanto terminava de digitar meus dados do Clube Extra, ouvi a moça antipaticamente falar com ele:
      - Sua mãe já falou e eu vou repetir: pare de mexer!

      Ficou quietinho, ele não esperava. Foi a única que não sucumbiu à sua vivacidade de criança curiosa e doce ao mesmo tempo.

sábado, 25 de outubro de 2014

Família do papai

Uma das raras fotos em que todos os membros da família aparecem juntos: Antonio com seus 4 filhos e 2 netinhos... essa é para guardar com carinho.

Um pouco desfocada, mas tá valendo!


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Tirei MB!!!

      Deu um trabalhão, mas a-do-rei fazer a maquete de uma sala de aula, trabalho pedido pela professora do Caio.

      Ahhhhhhhhhh é... confessei!

      Como professora, sempre valorizei o trabalho feito pelo próprio aluno, do jeito que ele soubesse fazer, expressando suas ideias, mesmo que simplórias, em detrimento daquele maravilhoso trabalho sem nenhum errinho, compilando trechos inteiros de opiniões alheias.

      Então me peguei imaginando como ia fazer Caio fazer uma maquete? Difícil... muito difícil... A primeira dificuldade que visualizei naquele momento foi o modo desengonçado com que Caio maneja  a tesoura.

      Houve um instante - instantezinho - que achei a ideia da professora meio sem propósito.

      Mas me obrigou a pensar... e a começar de alguma forma.

      Então, chamei Caio pra fazermos a maquete com todo o material de que eu dispunha e imaginava poder utilizar em cima da mesa. Caixa de sapato surrupiada do armário em primeiro plano. Caio estava motivado. Pensei: "isso não vai dar certo".

      Caio tomou a iniciativa então. Pegou o papel azul e mostrou:
      - É fácil, mãe, é só fazer igual.


      - Ah, tá. - balbuciei.
      Ele começou a mostrar:
      - Aqui é a porta, a janela, tem um armário, a mesa da professora fica aqui. 
      - E o que é isso?
      - É o computador.

      "F_ _ _ _", pensei de um jeito inenarrável.

      E aí Caio começou a mostrar onde se sentava cada coleguinha. Ele foi falando e anotando. Contando detalhes da rotina da sala. Eu olhando. Daí as ideias começaram a surgir. Pedi, então, que Caio desenhasse cada coleguinha. Para que todos os desenhos saíssem mais ou menos do mesmo tamanho, delimitei o espaço, dobrando várias vezes uma folha de papel ofício e riscando as marcas feitas pelas dobraduras. Quantos retangulinhos daqueles tivemos de usar! Foi um tal de braços saindo (ainda) diretamente das pernas... E os vestidos não ficavam como ele queria! Foi bem legal vê-lo desenhando os colegas: Pedro Machion e tia Paula ganharam óculos; o Davi ele fez com cara de bolado; as marias-chiquinhas das meninas esvoaçavam pelo espaço em branco do papel; e por aí foi...

      Nesse momento, a providência divina fez com que Antonio chegasse todo animadinho. Foi bom, pois a dinâmica estrutural dos móveis foi bolada por ele. Caio saía para brincar, voltava, inspecionava, saía, voltava, opinava:
      - Não se esquece da lixeira.
      Pois é... digamos: éramos os operários e ele, o arquiteto (ele fez a planta, né...)

      Bem, a maquete ficou pronta no dia seguinte, na quinta-feira, não antes de ouvir a recomendação de Caio quando saía para a escola:
- Mãe, não esquece da minha maquete, heim! - estava ansioso, provavelmente repetindo as recomendações da professora.



      Mas ansiosa mesmo fiquei eu.

      Chegou o dia D, quer dizer, o dia da entrega. Caio levou nos braços a caixinha com toda a minha expectativa dentro.O dia passou lento. Mais tarde, assim que Caio adentrou a casa (mas depois da costumeira sessão de abraços e beijos saudosos de um dia inteirinho longe um do outro), metralhei as perguntas:
      - E aí? A professora gostou da maquete? - e me controlando - E os coleguinhas, também entregaram? Ficou legal? Qual foi a maquete mais bonita?

      E Caio, que sempre me dá lições de viver, conviver e às vezes até mesmo de sobreviver, numa alegria pungente. declara:
      - Todos ganhamos MB!!!

      Claro, né... Que boba que sou... Olha os objetivos pedagógicos, não vamos esquecer... engoli meu enrubescer.

     Então pude perceber que o objetivo devia ser mesmo esse: o de fazer a criança perceber o espaço físico da sala de aula, reconhecer dimensões, entender que tudo segue uma ordem, observar a dinâmica da sala de aula e de seus ocupantes. Reconhecer-se como elemento participativo de tal dinâmica. E isso ele fez, mesmo sem utilizar a tesoura...






terça-feira, 14 de outubro de 2014

Aos mestres, com carinho.

Amanhã é dia 15 de outubro: dia dos mestres. Aproveito para eternizar aqui toda a minha satisfação e agradecimento aos profissionais que com muito carinho atuam na formação do Caio.

Reprodução da postagem no Facebook:

Equipe da escola onde Caio vive, brinca, estuda, experimenta, 
ri, descobre, aprende, ensina também, é feliz...

Profª Paula Bettini

Não sou muito de estar o tempo todo na escola, pouco me mostro por conta da agenda cheia de trabalho e também da minha personalidade. Mas acompanho tudo com atenção. Como também sou professora e já fiz parte da direção de uma escola, sei reconhecer um trabalho de valor. Trabalho de equipe. Confio em vocês plenamente. Meu filho se tornou uma criança melhor desde que entrou no Colégio G2. Sabe o que penso vendo essas fotos? Que são muito merecedoras desta comemoração e do descanso de amanhã. Vejo os rostos e muitos são conhecidos por mim. Pessoas competentes, dedicadas e afetuosas. Vejo os sorrisos e contabilizo quantos são dedicados ao meu filho. À equipe diretiva, funcionários e aos professores que foram, são e serão fundamentais na vida do meu filho, obrigada!!! Feliz dia do mestre!!!  



       Na postagem original não citei nomes, pois toda a equipe é merecedora, mas aqui, no blog do Caio, que é o meu cantinho de confissões, espantos, certezas e incertezas, amor incondicional e registro disso tudo e algo mais, não posso deixar de agradecer às professoras Aline, que "pegou" Caio ainda "cru" e com carinho e, sobretudo, firmeza soube em pouco tempo moldá-lo e prepará-lo para uma iniciante vida escolar; e Paula, que de modo muito especial cativou meu filho e o ajuda a caminhar da melhor maneira possível, trabalhando suas dificuldades e potencialidades; às professoras Lupe e Pâmela, dando orientação e trabalhando as dificuldades nas aulas de apoio; e também à coordenadora Ana Paula, sensível e sensata, orientando-me, convidando-me, tranquilizando meu coração ansioso por ver Caio se desenvolvendo bem.