segunda-feira, 7 de julho de 2014

Dinheiro

      Como qualquer criança pequena, Caio ainda não entende bem esse negócio de ter ou não dinheiro, como se consegue dinheiro, coisas assim.
      Mas já entendeu que há a relação trabalho-dinheiro.

      Um dia destes, Caio pediu algo e respondi que não tinha dinheiro.
      - Ah, mãe, é só ir lá na farmácia e pegar naquela máquina!
      Caio se referia ao banco 24 horas da farmácia onde sempre faço retiradas.
     Tentei explicar que não era só ir ali, que eu não tinha dinheiro no banco, mas pela cara dele... não se convenceu. Deve ter achado que eu estava de pãodurice.

    E neste mês, em que fiquei sem salário, pois o digníssimo prefeito cortou o ponto dos educadores grevistas, minha "pãodurice" aumentou, né... Ando enrolando muito o Caio, acostumado que estava a, por exemplo, ganhar quase que diariamente gibis e figurinhas.

     Gibis e figurinhas são a atual perdição do Caio. Prefere visitar uma banca do que ir à loja de brinquedos!

      Bem, está tendo festinha junina aqui no condomínio onde moramos. Caio tem ouvido os estouros (essa ocorrência de fogos nessa época é indefectível) e fica perguntando. Tive, então, de explicar que não podemos ir à festinha porque não temos dinheiro para gastar. E antes que ele propusesse uma ida à farmácia, já fui logo dizendo o motivo:
     - Filho, o prefeito não pagou meu salário deste mês. Eu e todos os professores que fizeram greve estamos sem dinheiro.

      E mostrei as fotos de crianças com cartazes cobrando do prefeito o salário das mães e pais de volta. 








      Caio adorou ver as fotos, principalmente a dos cãezinhos e gatinhos, e resolveu fazer o seu cartaz também. Depois de algumas tentativas (no 1º cartaz que fez, colocou um vocativo "querido prefeito", quase morri e precisei explicar que, no caso, o prefeito não era "querido"...), eis o resultado:



      Observem, por último, que o "meu" salário é dele...

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