sábado, 19 de julho de 2014

Ciclo da vida

      Já há algum tempo Caio vem me perguntando sobre morte.
      - Mamãe, todas as pessoas morrem? Você vai morrer? Eu vou morrer? Meu pai vai? Quando? 

      Não quero mentir, mas falar da morte não é tarefa fácil. Tentei ser natural:
      - Todos nós vamos morrer sim, filho. Mas não sabemos quando. O normal é morrermos bem velhinhos.
      Ele ficou preocupado:
      - Mamãe, você é velhinha? 

      Pensei na possibilidade de ele ter visto o tema em algum filme, de modo escondido. Já fez essa arte: peguei-o no corredor, olhão, interessadíssimo, numa posição que não dava pra gente perceber que ele estava ali. Foi flagrado quando alguém se levantou numa pausa para o xixi.

      Essas perguntas, vira e mexe, vêm à tona:
      -  As crianças morrem?
      - Mamãe, se eu beber o leite e escovar os dentes vou viver para sempre?

      Bem, agora começo a perceber de onde vem esse interesse pelas fases da vida. Olha a pergunta da criatura:
      - Mamãe, você já reproduziu?
      Heim? Engasguei. Mas respondi com naturalidade:
      - Claro, né? Tenho filhos... tenho você...
      - Então você já pode morrer, né?

      Escola... só pode... essa história de "nasce - cresce - se reproduz - morre"...

      Parece que esse assunto mexe muito com ele... num outro dia, perguntou e, diante da minha afirmativa de que um dia eu iria morrer, ele começou a chorar .Desesperado, lágrimas rolando pelo rostinho vermelho e veias do pescoço saltadas, entre soluços, Caio explica:
      - Não quero que você morra!!!!!

      Foi muito pungente. Senti muita peninha e falei:
      - Mamãe não vai morrer não, filho...
      (E intimamente pedi a Deus para só me levar depois que ele crescer...)

2 comentários:

Anônimo disse...

E quem nunca teve quando criança essa preocupação? Caio, menino lindo e inteligentíssimo! Bjsss
Mariana

PAULA disse...

Lindo mesmo! Esses momentos são difíceis para nós, mas são lindos demais!